Cidade Velha de Santiago, Cabo Verde

Visitar a Cidade Velha (ou Cidade Velha de Santiago), na Ilha de Santiago, Cabo Verde, é visitar um lugar repleto de história. Localizada a 13km da cidade da Praia, capital do país, a Cidade Velha foi a primeira capital de Cabo Verde, sendo na altura denominada de Ribeira Grande.

Cidade Velha

Uma Breve História da Cidade Velha

A cidade foi fundada em 1462, dois anos após a chegada dos navegadores portugueses. Nos anos que se seguiram, foi um importante ponto histórico. Em 1497, Vasco da Gama parou no seu parto quando fazia a viagem de descoberta do caminho marítimo para a índia. No ano seguinte, Cristóvão Colombo também aqui parou numa das suas viagens às Américas.

Seguiram-se várias décadas de comércio transatlântico de escravos (ou tráfico negreiro). A cidade manteve este papel durante vários anos, devido à sua localização estratégica. Durante os anos que se seguiram, a cidade foi crescendo e desenvolvendo-se, sendo construídos muitos dos seus emblemáticos edifícios.

Em 1769, perdeu importância quando a capital passou a ser a cidade de Praia de Santa Maria, atual Cidade da Praia. Como resultado, muitos dos seus edifícios foram sendo abandonados e, consequentemente, acabaram em ruínas. No entanto, algum esforço tem sido dedicado no sentido de renovar este tão belíssimo destino.

Como Chegar à Cidade Velha

Cidade Velha

Para chegar à Cidade Velha, terão mesmo de recorrer a um carro. Para isso, podem pedir a um taxista (onde irão obviamente pagar mais) ou optar pelo transporte tão típico da ilha: as Hiace.

As Hiace (sim, em referência às Toyota Hiace) são carrinhas que funcionam como autocarros na ilha – levam-vos, a preço acessível, aos vários pontos da ilha. No entanto, tenham em atenção que, enquanto houver espaço, a carrinha vai ser ocupada. No nosso caso, tivemos com 16 pessoas (!!) dentro da carrinha no regresso à Cidade da Praia. Logo, não escolham esta opção se tiverem problemas com espaços pequenos com demasiadas pessoas.

Para apanharem estas carrinhas, dirijam-se ao Mercado de Sucupira na Cidade da Praia e, junto à rotunda principal, vão encontrar os vários destinos possíveis. Cada carrinha está devidamente identificada, pelo que não terão problemas em encontrar o que procuram.

Os preços são também muito apetecíveis. Em 2024, pagámos 300$ (escudos cabo-verdianos) – o equivalente a cerca de 2,72€ – para fazer a viagem da Praia à Cidade Velha. Confirmem com o motorista preços e horários, mas normalmente as carrinhas são muito frequentes. A Hiace deixa-vos no coração da Cidade Velha, no Centro Histórico da Ribeira Grande, junto à praia.

Como no final decidimos ir à Fortaleza Real de São Filipe, optámos por caminhar diretamente até à estrada principal e apanhar a primeira Hiace que passa-se (o que demorou uns 2 minutos e foi só levantar a mão). Não tendo começado a viagem desde o centro histórico, a viagem ficou mais barata – pagámos 200$ (cerca de 1,81€). O pagamento é feito em dinheiro ao motorista no final da viagem.

Centro Histórico da Ribeira Grande

Detalhes do Pelourinho

O Centro Histórico da Ribeira Grande é o coração da Cidade Velha. Na zona central, além de ser ponto de paragem das Hiace, vão encontrar táxis e o posto de turismo. É também nesta zona que estão os vendedores de recordações e artesanato – e foi aqui que encontrámos as recordações mais bonitas da nossa viagem. Se quiserem ver mais artesanato, passem também pelo Centro Cultural da Cidade Velha.

Aqui vão ainda encontrar o Pelourinho da cidade, datado de 1520. Sendo a Cidade Velha a cidade mais antiga da ilha, acredita-se que o Pelourinho é o monumento mais antigo de Cabo Verde.

Esta é também a zona da praia e da maioria dos cafés e restaurantes.

Praia

Rua Banana e Igreja Nossa Senhora do Rosário

Perto do centro histórico, encontram a Rua Banana. Esta é a rua mais famosa da Cidade Velha, tendo sido a primeira a existir em Cabo Verde. A rua é composta por um conjunto de casas idênticas: pintadas de branco e cobertas de palha. Ao longo da rua vão encontrar várias plameiras, que tornam esta rua ainda mais icónica.

Rua Banana
Rua Banana

Ao fundo da rua encontram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída no século XV.

Em estilo manuelino, destaca-se o seu teto em madeira e o painel de azulejos. Na sua abóbada encontram o símbolo da coroa portuguesa. É a primeira igreja colonial e é também o edifício mais antigo em uso de Cabo Verde. A entrada foi gratuita.

Sé Catedral da Cidade Velha

Caminhando na direção inversa, irão encontrar as ruínas da que foi em tempos a sé catedral.

A sua construção foi iniciada em 1556, no entanto, as obras foram suspensas 36 anos depois, em 1592. Esta pausa durou mais de 100 anos, sendo concluída já no final do século XVI.

Poucos anos depois, foi pilhada por corsários franceses, o que resultou numa destruição muito grande do edifício. Na retirada da ilha, os corsários levaram tudo o que conseguiram, incluindo os sinos e o mobiliário da sé.

Apesar de se encontrar em ruínas, é ainda possível perceber a imponência que este monumento teve em tempos.

Ruínas da Sé Catedral
Parte das ruínas da Sé Catedral

Convento de São Francisco

Depois do almoço, lá seguimos caminho em direção ao Convento de São Francisco, a 5 minutos a pé do centro histórico.

À porta do convento estavam dois indivíduos que, apesar de não aparentarem ser funcionários do espaço, indicaram que para visitar teríamos de pagar 500$ / pessoa (cerca de 4,53€), mas que o bilhete dava também para a fortaleza. Pagámos e recebemos um bilhete em troca.

Interior do Convento de São Francisco
Interior do Convento de São Francisco

O convento é uma construção do século XVII e foi mandado construir por Joana Coelho, uma rica proprietária natural da Ilha de Santiago. Este edifício serviu de refúgio para frades franciscanos, que a usaram também como centro de formação.

O edifício foi depois parcialmente destruído por um incêndio e, em 1712, foi também alvo do ataque dos corsários franceses. Posteriormente um temporal destruiu parte do convento.

Entre 2001 e 2005 o edifício da Igreja foi alvo de obras de restauro, apoiadas pelo Governo Espanhol, passando a receber alguns eventos socioculturais. Encontra-se, no entanto, degradado.

Na rua de acesso ao convento, encontram-se também as ruínas da Igreja Nossa Senhora da Conceição.

Caminho das ruínas da Igreja Nossa Senhora da Conceição ao Convento de São Francisco
Ruínas da Igreja Nossa Senhora da Conceição.
Ruínas da Igreja Nossa Senhora da Conceição.

Fortaleza Real de São Filipe

É hora de visitar o elemento principal da Cidade Velha: a Fortaleza Real de São Filipe. Para aqui chegar, são cerca de 12 minutos a pé (sempre a subir) desde o centro histórico, mas acreditem que vale a pena!

Munidos do bilhete que tínhamos adquirido no convento, entrámos na fortaleza.

A Fortaleza (ou Forte) Real de São Filipe foi construída entre 1587 e 1593, em resposta a um ataque de corsários uns anos antes. Encontra-se 120 metros acima do nível médio do mar e tem uma função defensiva.

Atualmente é o monumento da Cidade Velha mais bem conservado, tendo sido alvo de uma reabilitação recente, com a adição de passadiços em madeira que permite um melhor acesso à construção.

Podem assim percorrer as muralhas da fortaleza e apreciar a vista da Cidade Velha. Não deixem ainda de descer a cisterna abobadada.

No site do Instituto do Património Cultural de Cabo Verde existe um mapa muito interessante onde é apresentada a localização de antigas partes da fortaleza.

o Convento de São Francisco visto da Fortaleza
Vista da Fortaleza para o interior da ilha
A Cidade Velha vista da Fortaleza de São Filipe

Saindo da fortaleza, seguimos pelo caminho de acesso em terra batida, até chegarmos à estrada de alcatrão. Daqui, levantamos a mão e apanhamos a Hiace de regresso à “cidade nova”, a Cidade da Praia.

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